Breve reflexão sobre as mulheres e o espaço público...
As
mulheres carregam ao longo da história o árduo fardo da exclusão na vida
pública sofrendo discriminação, os mais diversos tipos de opressão, privação e
discriminação. Ainda que ao longo dos
séculos essas condições tenham deslocado se, não significa que tenham sofrido
grande mudança. Ainda hoje as mulheres são taxadas como pessoas ligadas intrinsecamente
ao lar e filhos, muito embora lutemos por mais espaço, paridade política e
equidade de gênero é típico encontrar alguém que classifique a mulher por sua
beleza e dedicação ao lar, ao invés, de suas inteligências, personalidade e
habilidades profissionais.
Mesmo com grande dificuldade de romper barreiras e
paradigmas que o sistema patriarcal impõe as mulheres, cada parcela de poder conquistado é um avanço e precisa ser continuado. Embora as mulheres tenham
a cada vez mais ganhado espaço em profissões essencialmente dominadas por
homens, estas terminam sofrendo algum tipo de discriminação, um grande exemplo
é o da presidenta Dilma, afastada do exercício do poder por suposta improbidade
administrativa, os discursos que se escuta nas ruas são quase sempre
pejorativos e ofensivos e sem nenhuma ligação com os supostos crimes
administrativos. A todo caso, a própria nomeação de uma mulher a presidência da
república já causou grande alvoroço, a sociedade brasileira tem se mostrado
cada vez mais patriarcal e conservadora, o legislativo brasileiro assemelhasse
por muitas vezes a uma concentração de interesses religiosos, onde os direitos
das mulheres estão sempre subjugados, suprimidos em detrimento as ordens dos
maridos, pais, irmãos e ideologias bíblicas.
No livro Donas do Poder, da professora
Ana Alice Costa Alcântara ela destaca alguns argumentos utilizados pelo sistema
patriarcal para isolar e vincular mulheres as esferas domésticas, tentando
naturalizar e solidificar que estas por serem tão “frágeis” não poderiam, ou
deveriam assumir qualquer atividade política ou de essência da esfera pública.
Claramente argumentos estapafúrdios e sem fundamento algum, que historicamente
são propagados sutilmente ou explicitamente, como o jornalista que taxaram
Marcela Temer, cônjuge do atual presidente interino, como “bela, recatada e dolar” e o Gilberto Amaral do Jornal de Brasília que publicou uma nota
discorrendo que os ministérios não precisariam de nenhuma mulher por este estar
bem representado pelo charme e elegância da primeira dama. É quase surreal que em
pleno séc. XXI, em um país com movimentos sociais atuantes que as mulheres
sejam vinculadas a representação no espaço político apenas pela beleza e charme
da primeira dama. O Brasil assiste hoje a um grande retrocesso orquestrado por
homens brancos que defendem a bandeira econômica de um país em crise, mas que
exclui políticas sociais que auxiliam também no crescimento do país, que exclui
mulheres arbitrariamente.
A
democracia é um espaço que permite igualdade de direitos, o movimento feminista
busca fazer questionamentos e criticas a esta ordem para que possibilite maior
reconhecimento da mulher como agente social e não somente como parte de uma
família, como esposa, mãe ou filha. Visando isto moldamos uma sociedade mais
humana e democrática.
Referências Bibliográficas